segunda-feira, 4 de maio de 2020

dos dias (corona um mês dezassete e dezoito dias)











...
sobre ontem

Pode-me fazer umas queijadas para eu dar à minha mãe logo à noite?
Pergunta-me o rapaz, exatamente no momento em que eu acabava de decidir que não faria nada
Oh… eu também sou mãe e também tenho mãe…
Fui dizendo, mais para me tentar convencer a mim que não, que não faria, que tinha decidido descansar
Eu sei, mas duas chegavam…
Então enchi o prato dourado de queijadas, as melhores queijadas de sempre, e nem consegui manter a distância aconselhada quando o rapaz bateu à porta com os olhos cheios de amor pela mãe
...
e isto que vos conto agora aconteceu nem há uma hora:
fui ao mar
e desta vez vi-o. senti o vento que vinha de sul, invadindo todo o meu espaço por dentro do corpo, e cheirei, avidamente, a maresia
estava cinzento, o mar, mesmo agora antes do nascer da noite, e a praia deserta, e o areal todo coberto de areia
e o cheiro, mais cheiro do que aroma, que a palavra aroma é mais bonita, mas o cheiro cola-se à pele e tem o som da onda a desfazer-se
diz, 'cheiro', e ouve a palavra a salgar a tua boca
...
























10 comentários:

  1. Respostas
    1. Ah Ana, eu não teria levado. Como absorver o cheiro da maresia e das ondas a rebentar com a porra (excuse my French) da máscara?

      Fico feliz por si e pelo rapaz :))

      🐳

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    2. levei apenas até lá. Se me apresentasse mascarada Iemanjá fugiria :)

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  2. Até me parece que o cheirei daqui :)

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  3. ah, ser polvo e viver arredado tanto tempo do mar... é uma tortura

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