sábado, 2 de maio de 2020

ar limpo (corona um mês e dezasseis dias)









Todo este ar limpo sobre o rio!
Ouve a mulher dizer a quem enche o peito de leveza e a alma de azul infinito. Mas ela, que todas as noites tem de prender a alma à perna da cama para que não a perca nos meandros dos sonhos, é com cautela que sai para a rua. Toda a vida lutou consigo mesma para trazer os pés bem assentes na terra, e, agora que o céu exibe desmesuradamente todo aquele azul, metade dela anseia por chão, outra metade por voo, num desatino constante.










6 comentários:

  1. Todo este azul, todo o ar limpo, toda esta sensação de estar presa (e estamos) faz-me recear que, a necessidade de pé no chão e alma em voo livre, se pague caro.

    Melhor ir com cuidado.
    Boa noite :)

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  2. "Prender a alma à perna da cama"...muito bom!
    E o que faço à minha quando quer escapulir a meio do dia?
    ~CC~

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  3. já te disse que a minha é como um grande cão negro sem trela? mesmo assim, nã vamos a lado nenhum

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