a mulher mais velha que segue ao meu lado vai-me contando que ligou à amiga fernanda, como todos os dias, depois da hora a que a outra costuma mudar o penso ao marido. a conversa que teve surgiu depois de fernanda ter ligado à berta, na véspera, como é costume, depois da novela da noite. o que berta contou à fernanda dizia respeito às dores de fátima, com quem fala todos os dias quando acaba de arrumar a cozinha do almoço. e ainda há a tia, a mais velha de todas, que todos os dias recebe um telefonema por volta das 10 horas, perguntando-lhe se dormiu bem.
é uma dança sagrada, congemino eu cá comigo, em que todas elas se seguram, umas às outras, numa prova de vida, num amparo distante. não estou certa de que, quando chegar a minha vez, eu tenha este circulo seguro, onde só entra o que servir o meu bem maior - apeteceu-me dizer - , mas pelo menos alguém que se queira assegurar de que continuo viva.
Sem comentários:
Enviar um comentário