sexta-feira, 15 de outubro de 2021

o homem

 





o homem pára na montra do café que exibe os obituários da vila. quem morreu tem ali a fotografia escarrapachada para quem quiser ver. e são muitos. e o homem, de mala na mão, óculos com design da última tendência destoando do seu ar conservador, observa os mortos que lhe garantem que de facto, está vivo, apesar de domesticado. depois segue, com o rosto coberto por uma máscara, o passo apressado de quem é preciso e precisa de ser preciso. o homem, que tendo a vida dos outros nas mãos, tem a sua, nas mãos dos outros.





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