a mulher com o olhar nocturno, há quase um mês que passa os dias nas pedras lodosas da rampa da doca, lodo como o brilho dos seus olhos, lodo como o peso da inércia nos seus ombros. era a ela que ela lavava, naquele esforço de esfregar a manta nas pedras. repetia os gestos vezes e vezes sem conta. passava sabão, enrouquecia-se no som de sovar os panos no chão, gretavam-se-lhe os dedos naquela repetição. era a ela que ela lavava, como se quisesse que aquela maré vazante levasse memórias que recusava ter. neste dia ao contrário, em que o rubor do pôr-do-sol se mostra a nascente, e eu procuro-me nos passos que dou à beira-rio, olho para a mulher que só se vai quando a noite lhe esconder o destino, e encontro-me nela, por dentro.
abril que te quero abril
Há 51 minutos
Gosto tanto do que escreves...
ResponderEliminaroh...Luísa, muito obrigada.
Eliminartem uma noite boa :)
Certos pesos nunca saem, por mais que se esfregue e lave.
ResponderEliminarAdoro cada palavra que escreves
sabes, eu acho que saem.
Eliminarobrigada, Just :)
Fantástico ana :)
ResponderEliminarComo sempre
nada disso, Miguel, mesmo nada.
Eliminarobrigada :)
...não será a noite feiticeira do nosso interior?!
ResponderEliminarBeijo bom
o nosso interior entrega-se à noite.
Eliminardia bom, Goti :)
a lavadeira poeta, tem palavras que cheguem para lavar este e outro mundo :)
ResponderEliminarA lavadeira só sova a roupa
EliminarRessuscitastse...
se estiveres por cá nos próximos dias, vais ter de levar comigo...
Eliminarpor quanto tempo?
Eliminartalvez o mês todo :D
EliminarUm mês contigo, cigano... :)
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