terça-feira, 27 de junho de 2017

o gesto











Foi naquela tarde, naquela enfermaria, àquele homem debilitado, que aquela mulher, sentada ao lado do cadeirão, insistentemente colocava-lhe uma bola nas mãos para que ele exercitasse, com os seus gestos frágeis e desarticulados. - sabes, Zé, a nossa força vem daqui, daqui! - dizia-lhe enquanto batia com a mão no peito do marido, e ele anuía. 
Eu sei que naquele momento, aquela força interior não teve resultado visível. Tinha tido durante duas vidas inteiras. Continuou a ter gravada a fogo na minha memória, propagando-se para além de mim. Aquele gesto não terá salvado aquele corpo, mas é orientação para a minha vida e para as vidas que toco.












11 comentários:

  1. foi uma observação semelhante que me fez deixar a pena que sentia por mim...

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    1. :)
      pena de nós mesmos é areia movediça. credo, cruzes...

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    2. Manuel Mau-Tempo permita[me] esta graçola um pouco seca[risos]: penas têm as aves e mesmo essas não desistem, nunca!
      Beijocas larocas ;)

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  2. São as pequenas coisas como essa que nos mudam a vida ou pelo menos o olhar que temos sobre ela.
    ~CC~

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    1. às vezes não são mais do que instantes, CC.
      bom dia :)

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  3. ...gestos e palavras por vezes pequenas palavras e fazem maravilhas em Nós!
    Beijo de bom dia Ana

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    1. podem marcar uma vida, para o bem ou para o mal.
      bom dia Goti :)

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  4. Bom dia Ana. É verdade, por vezes é preciso que nos lembrem de onde vem a nossa força :)

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  5. tão verdade, Ana.
    costumo fazê-lo algumas vezes, para que nunca me esqueça.

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