quarta-feira, 28 de junho de 2017

espelho










desliga o telefone. pousa a cabeça em cima das mãos fechadas, e as lágrimas assomam aos olhos. outra vez. outro espelho. saíram da sua boca, destinadas à mulher do outro lado do país, as palavras que ela mesma precisa de, repetidamente, ouvir. 'está a repetir um padrão. olhe para o que lhe acontece recorrentemente e perceba o que tem que aprender. senão, continuará a viver essas situações. respeite-se, valorize-se, trate de si em primeiro lugar, mas em consciência, não porque me ouviu dizer, ou porque reconhece que tenho razão. sinta-o. faça-o. viva-o. ampare os seus filhos, mas deixe que sofram. não mascare a realidade ou o sofrimento deles. estará a impedir que cresçam, também eles têm que atravessar essa estrada e aprender com isso. o seu papel é tentar que não cresçam amargurados, mostre-lhes o outro lado da vida, docemente." do outro lado a mulher chorava as lágrimas que ela mesma nunca tivera coragem de chorar. "não se esqueça do que lhe digo. é provável que eu esqueça muito em breve."












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