quinta-feira, 11 de maio de 2017

é que nem me apetece disfarçar








- a senhora hoje não está nos seus dias...
disse-me a cátia do talho, quando retirei o cartão de multibanco antes do tempo.
- não estou mesmo, cátia, não estou...
é que nem me apetece disfarçar. mas mesmo sem disfarçar, só ao final da manhã  é que se aperceberam da nuvem cinzenta por cima da cabeça. acho que criamos uma imagem aos olhos dos outros, que se torna numa máscara, não na nossa cara, mas nos olhos de quem nos vê. e ainda bem que assim é.
- eu vi logo. estar deste jeito não é da senhora. vai ver que amanhã já está melhor 
tentou ela animar-me, parecendo-me a mim, agora que escrevo isto, que ela tentava melhorar a sua disposição com as palavras que me dizia
- amanhã, não, cátia, daqui a uma hora, mais do que isso não dura.
todos os dias avanço e recuo, concluo e desconcluo, apaziguo-me e inquieto-me, abro mão e quero agarrar. tem dias em que fico cansada, tem dias em que me desconheço, mas é precisamente nesse ponto extremo de cansaço, que me aproximo de mim. ainda não foi, mas há-de ser.













6 comentários:

  1. Diz-me lá como é que isso se faz que eu bem preciso de aprender.

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    1. o meu, é um trabalho interno em que tento tirar as máscaras que a mim mesma ponho.

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    2. Já ainda ando numa fase de cultivar as minhas máscaras...

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    3. tirá-las é um alívio, conta corrente :)

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  2. Revejo-me nas tuas palavras nestes últimos dias ana, será do tempo? :)) Beijinho

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