sexta-feira, 28 de abril de 2017

relento


























com um 'já percebi que já estás a ficar nervosa', ela saiu. devo trazer estampado no olhar a expressão esgaziada do animal encurralado. 
assim que fiquei só, saí para o lado de fora da minha vida, e fiquei, de longe a olhar para ela. as portadas estão todas fechadas, encaixadas nas paredes primorosamente pintadas. cá fora faz vento e frio, o sol encandeia-me os olhos, a minha pele veste-se de sem-abrigo, de mim. 
pergunto à mulher que, sem saber, trazia um espelho no rosto, como está. na esperança de, nas lágrimas dela, encontrar alívio para a minha aridez.










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