sábado, 29 de abril de 2017

o espelho e a mulher e a mulher e o espelho









a mulher que, sem saber, carrega um espelho no rosto sempre que cá vem, pede-me para olhar para o lado de fora da sua vida, para que ela o possa sentir por dentro.
está a ser manipulada. um homem tenta, habilmente, forjar os sentimentos dela, e consegue.
tudo o que é visível, tudo o que é óbvio e lógico, aquela mulher racional, não consegue ver.
então pede-me que olhe para fora, a mim, que comodamente habituei-me a olhar para dentro, e a claridade do dia fere-me os olhos. mas ela traz o espelho no rosto para que eu veja o que reflecte, e eu conto-lhe dos sinais que estão por todo o lado e que ela, vendo, porque me conta, não vê, porque não sente. falo-lhe de mim e da falta de respeito por si própria, e de como, chama para a sua vida, pessoas com falta de respeito por ela.
ela chora por fora e eu choro por dentro.

quando no dia seguinte me diz que agora que vê para fora, sangra-lhe a alma por dentro, sussurro-lhe que siga o caminho que a fizer mais feliz, sabendo que é ainda mais estreito e tortuoso.











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