quinta-feira, 29 de setembro de 2016

não tenho do que conversar















as mulheres conversam, de pé, à sombra, no parque de estacionamento do Lidl. falam de limpezas, e queixam-se porque não conseguem ter a casa limpa, parece que os filhos e os maridos...uma consumição. uma delas está deprimida e fala de uma peúga que tem em casa, sem par. como pode uma peúga desaparecer, se a casa não tem buracos?

de manhã acendi as minhas velas, com pedidos e agradecimentos. uma pela família, outra pela criatividade, intuição e espiritualidade, outra a ogum, que me proteja o trabalho e a casa, outra ainda, na varanda, a todos que me protegem e aos quatro elementos.
não tenho do que conversar. 
não quero saber de limpezas, não vejo televisão nem leio revistas. 
olho o céu e chego ao teu. sinto o sol na pele, e toco na tua. o azul tem o teu nome, e cada vez me importo menos. 
do que fala, quem não tendo, tem tudo?











8 comentários:

  1. Então, fico aqui um pouco em silêncio.

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  2. Mesmo não tendo nada, tem-se muito, depende como queremos ver o nosso mundo.
    Conversar sobre limpezas também não é tema que me agrade :)

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  3. e o silêncio é uma forma de conversa, Luísa :)

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  4. sim, Maria. nem sempre temos ouvidos do lado de fora das palavras :)

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  5. Tantas vezes senti isso, ana, mas sabes, dava comigo a ouvir as trivialidades e aquecia por dentro. Afinal estava viva, porque os outros estavam vivos.

    Que as tuas velas ardam até ao fim.

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  6. é verdade, Teresa. quando não me sinto extra terrestre, também me sabe bem :)

    as minhas velas são poderosas, digo eu :)

    tem um resto de dia bom. mais frio, hoje.

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  7. estou com um sintoma idêntico... será uma gripe moderna?

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  8. blogo-contagiosa, Manuel.
    mas olha, a Teresa tem razão :)

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