terça-feira, 26 de julho de 2016

não há volta a dar




























é de gratidão que se trata. e sinto um dilatar no peito como se não tivesse espaço para tanta. 
enquanto junto o sal à cebola e cenoura que já estão na panela, sinto o mar escorrer-me das mãos, com toda a frescura, azul, vida e força, sinto o poder do alquimista e páro o movimento, amparando em concha, aquele alimento que se transforma à minha frente. peço que aqueles animais que morreram sejam dignificados ao tornarem-se vida outra vez noutras vidas. que a morte deles não tenha sido em vão, que as vidas se tornem livres, agora, sendo conforto e prazer noutras vidas. 

é de gratidão que se trata, poder transformar a morte em vida, poder renovar o ciclo, poder recriar, poder alimentar.

agradeço também às folhas de hortelã que misturo na limonada e peço-lhe que tragam amor e paz a cada gole deles, que tragam compreensão e comunicação. 

agradeço também pelo repouso, aos lençóis brancos da minha cama, enquanto os aliso com as palmas das mãos bem abertas, e vejo-te nela do lado de dentro do meu peito, a cada amanhecer, a cada anoitecer.











4 comentários:

  1. é uma bela gratidão, gostei pra lá de muito...

    ResponderEliminar
  2. e eu gosto quando dizes - gostei pra lá de muito - faz com que valha a pena :)

    ResponderEliminar
  3. que bela a tua gratidão, Ana,
    que pura e que envolvente...

    ResponderEliminar
  4. obrigada Laura :)
    generosidade tua...

    beijinho

    ResponderEliminar