segunda-feira, 31 de agosto de 2015

estômago































ela diz-lhe que começa na zona do estômago, no plexo, e que depois sobe, cardíaco, laríngeo e frontal. chega mesmo ao coronário, não devia, mas chega. e aquela coisa que parece que tem um corpo pegajoso, toma conta dela e limita-a. 

o homem ralha com ela, com aquela paciência infinita, mas ralha. que ela está a voltar ao padrão antigo, que está a deixar o medo tomar conta dela. que não pode deixar que isso aconteça, que não pode andar para trás, que essa energia permite que outras coisas aconteçam, que a vida sai dos carris.

mas ela, que nunca teve a vida encarreirada, tenta explicar àquele homem que não é fácil, que há alturas na vida da gente que as circunstâncias assustam, que quando a nossa vida está entrelaçada na de outros pode sentir-se medo sim, sim, de que tudo caia como peças de dominó. ele insiste que não, que ela tem que abrir o peito à possibilidade e ao direito de merecer que tudo corra bem, que a prosperidade entre na sua vida.

ela sabe, ela sabe que está a falhar. antes de entrar para o banho pede ajuda à água, para que a limpe, da cabine do chuveiro relê os princípios colados na parede 'não te preocupes, confia'. é tudo tão fácil quando tudo corre bem... vem a vida e obriga-a a provar que é capaz de viver aquilo que diz que acredita. e pronto, vai tudo ao charco.

do outro lado nem sabe de onde, ele fala do que ela sente como se lhe corresse dentro das veias.













(obrigada)













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