quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

tudo na vida acontece como terramotos













Dizes-me que tudo na vida acontece como terramotos, de repente e aos tropelões. Telefonas para te despedires, dizes que pressentes que vais morrer. Apareceu-te tudo assim, de repente, os olhos falham-te, diabetes e a tua perna não para quieta toda a noite, descontrolada não te deixa descansar. E as depressões, esse abismo constante em que vives, sobrevives, somas dias.
Rio contigo, desvalorizo, p, não és só tu, toda a gente passa por isso, há casos tão piores… não minha amiga, eu sinto, é um terramoto, tudo acontece em terramotos na vida. E a tua mãe, p, desnorteada. Foste visitá-la e ela, além de não te reconhecer como de costume, desnorteada. No espaço, no tempo, perdida…o alzheimer é o sarcasmo da vida, dizes que se tivesses como, arrancáva-la desse sofrimento. E eu lembro, lembro mas não te conto, de ter lido o Júlio, sobre a mãe dele, que tinha remorsos de não a ter ajudado a morrer quando ela, ainda lúcida, lho tinha pedido.
Ouço-te e quase que não encontro palavras para te trazer para o lado de cá.
Hoje o telefone tocou…p, és tu. Tu com todas as tuas inseguranças, infundadas, no meio de ‘minha amiga, achas que é bom? Achas que pode interessar a alguém?’, e a tua preocupação é um alívio para mim. Sim p, é muito bom. E penso, mais um dia, um dia de cada vez.

2 comentários:

  1. Não costumo comentar para apenas dizer "excelente", mas desta vez não pude evitar.
    Bom fds

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  2. obrigada Carlos. bom fim de semana para si, também

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