terça-feira, 11 de novembro de 2025

vento

 





aborrecido, Éolo apostou em despir as árvores em tempo record. daqui, do lugar onde me sento, os ramos sacodem, em todas direcções, as folhas, outrora verdes e agora amareladas, que ofereceram abrigo às aves durante todo o verão. e elas são levadas pelo vento, num misto de liberdade e redenção.

a mim, o vento diverte-me. a imprevisibilidade do sopro, os cabelos justificando o seu desalinho, a carícia onde roça na pele. abro os braços e peço que leve o que já não me serve, que me limpe, que me alivie.

em breve virá o tempo em que as minhas amigas, nuas, adormecidas, me deixarão ver o nascer do sol por detrás da capela no cimo da encosta aqui da terrinha... manso, promissor, dando coragem para enfrentar um novo dia, um de cada vez, nascendo devagarinho, silencioso...




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