segunda-feira, 10 de outubro de 2022

talvez

 




de tanto deixar de pensar no tempo, perdi a noção dele. escrevo numa sala vazia e ouço o som dos dedos nas teclas do computador, a máquina da loiça a trabalhar na cozinha e, um motor ou outro que roncam na rua. não sei que horas são, o que terei que fazer quando acordar, quantos dias faltam para repor a conta bancária. não vejo televisão, não ouço notícias, nem me apaixono. os dias correm, porque adormeço e acordo e pelo meio faço coisas e há outras coisas que gostaria de fazer, também. 

mas, com este estar a não saber do tempo, esta forma de não lhe dar importância, talvez possa fintá-lo numa curva, numa esquina, esgueirar-me quando ele vem do nada e parece que de repente envelhecemos, e aí, não envelhecer.





5 comentários:

  1. e se te disser que o tempo é uma invenção louca? e que existe tanto como existem curvas ou esquinas? por isso quanto menos se vê, menos ele existe :)
    mandei chuva, espero que a tenhas saboreado

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    1. Não há chuva como a tua. Não a trocaria por outra, a não ser por chuva de dinheiro. Dá para desenrascar?...

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    2. nunca fiz dessa chuva, mas uma vez nasceu-me dinheiro junto às raízes de uma árvore... deseja-o e ele aparece :)

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  2. O tempo é ficção iminente; fuga sem percurso; solidão úmida de motivos vãos; quem perde tempo paga a conta do hotel!

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