sábado, 9 de maio de 2020
espera
vivia eu naquela insistência de não esperar do outro aquilo que eu daria, no seu lugar, como se o outro, em vez de ser diverso, pudesse ser igual a mim.
digo-lhe que me custou muito chegar a esta espécie de serenidade. foram meses de avanços e recuos, de sofrer por aquilo que eu considerava ser rejeição, desconsideração, até. foram meses de dor, posso dizer assim. a cada vislumbre que tinha de alegria, sobrepunha-se-lhe uma desilusão.
até que um dia chamei por mim mesma e fiz-me entender que o outro não sou eu. que a terra movediça onde eu caía era uma auto-estima fragilizada.
então olhei-me bem nos olhos e pus os pontos nos is comigo mesma, para que eu percebesse que sou como sou e pronto. sou o melhor que sei ser.
quanto ao outro, é apenas outro, com as suas dores, as suas limitações, a sua forma de sentir e o seu caminho. o outro não sou eu por isso não posso esperar que me corresponda na forma de agir. o outro não sou eu, e não vou deixar-me afundar numa energia que não é a minha nem que não depende de mim.
mas mesmo assim, há dias em que, caramba, queria tanto que fosse diferente, e caio à beira da tristeza. passo, então, todo o tempo a repetir para mim mesma 'esta energia não é minha. não a aceito. esta energia não é minha. não a aceito. esta energia não é minha. não a aceito. esta energia não é minha. não a aceito. esta energia não é minha. não a aceito'.
e o que espero da vida, é nada esperar, e viver devagar.
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«e o que espero da vida, é nada esperar, e viver devagar.»
ResponderEliminarcomungo das tuas palavras, ana.
E cada dia um bocadinho mais.
EliminarComungo contigo, flor.
Tamanha sabedoria Ana e Flor....eu continuo a esperar tanto! Mesmo que espere devagar...
ResponderEliminar~CC~
É a vida a pedir serenidade por todos os lados :)
EliminarE como se chega a esse estado de aceitação, esperando da vida esse nada esperar e ir vivendo devagar?
ResponderEliminarRepetindo até à exaustão aquilo que gostaríamos de alcançar?
E esperar sem nada esperar, será viver?
Já eu vivo cheia de incertezas e sem encontrar respostas, mas não desisto de as encontrar.
Nem que seja dentro de mim...
Fique bem, Ana. :)
É viver, sim, Janita, sem ter a vida suspensa no outro.
EliminarBom fim de semana :)
Não é fácil nada esperar, ana. Ainda não aprendi a não esperar dos outros, mas noto que fiz progressos... Isto um dia vai lá. Tenho fé.
ResponderEliminarBom fim de semana. Abraço.
Claro que vai. E quando pensamos que lá chegamos, tornamos a cair no mesmo. Até que um dia é por nós mesmos que esperamos :)
Eliminar"Autobiografia em cinco pequenos capítulos" (Portia Nelson)
EliminarI
Ando numa rua.
Há um grande buraco no passeio.
Caio no buraco.
Sinto-me perdido...
impotente.
A culpa não é minha.
Uma eternidade até que consiga sair do buraco.
II
Caminho na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Faço de conta que não o vejo.
Volto a cair no buraco.
Nem quero acreditar que foi no mesmo sítio.
Mas a culpa não é minha.
Vai ser preciso ainda muito tempo para sair do buraco.
III
Ando na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Vejo-o muito bem.
Mesmo assim, caio...
Tornou-se um hábito!
Sei onde estou.
A culpa é minha.
Saio do buraco imediatamente.
IV
Ando na mesma rua.
Há um grande buraco.
Contorno-o.
V
Sigo por outra rua.
É isso mesmo, deep. Muito obrigada. A única diferença é que caí muitas mais vezes no buraco, e ainda me descuido... :)
EliminarBoa tarde:- Quem espera, desespera. Por isso o melhor é, ou saber esperar, ou não esperar...
ResponderEliminar.
Um Sábado muito feliz
Cumprimentos
É mesmo.
EliminarFeliz sábado, Ricardo