de vez em quando a mulher murmurava interiormente - este pensamento não é meu, não quero esta realidade para mim. passavam-se uns minutos, e, de novo os pensamentos que não eram dela, que ela já rejeitara, a zumbir-lhe nos ouvidos, o medo por dentro, o burburinho interior.
trouxera aquilo da noite. metade de si lá, metade de si cá, com farrapos de vivências de que não se lembrava, só aquela sensação de arrastar uma rede cheia de entulho, de lixo que a impedia e emperrava os movimentos e o pensamento.
na madrugada seguinte iria ser mais cautelosa. antes de sair da cama, antes de pôr os pés no chão, trataria de cortar todos os atilhos e teias que ficassem a prende-la aos sonhos e viagens da noite. só depois, se olharia ao espelho e diria bom dia, meu amor.
Somos tantas coisas, impossível ser apenas uma. Mas percebo a ideia de guardar e reter o melhor...
ResponderEliminarPois é CC. Somos muitos mais do que uma apenas dentro de nós, mas eu tento domesticar uns e alimentar outras... :)
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