a mulher de 88 anos inventa forças que não tem para limpar a piscina. a água esverdeou com o calor fora de época, e, com as agulhas dos pinheiros que caem com a insistência de quem quer vergar aquela já tão pouca vontade. antes de escurecer ainda quer limpar os caminhos e verificar as sebes.
naquele fim de mundo está ela, a casa, a ajuda da outra duas vezes por semana e as duas amigas que de vez em quando a visitam e levam compras.
não são poucas as vezes em que chora. o corpo está cansado e não sente razão para viver.
ela e a casa. o marido morto. uma vida dedicada um ao outro.
mas há pessoas que apenas por estarem e serem, são raízes para outras vidas. a mulher não sabe, que enquanto limpa os caminhos, é exemplo e bússola para outros passos. é esperança.
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