o futuro tinha deixado de ser direcção, meta que se almejasse.
sentada, virada para norte, ponto cardeal onde dizem que tudo nasce e tudo morre, ela aprimorava o presente para não destruir o passado.
engana-se quem diz que o que passou é inalterável, por estar passado. a cada gesto, a cada escolha, a cada palavra, todo o significado dos dias vividos, do amor partilhado, da dedicação oferecida, do esforço exercido, vai modificando, vai engradecendo, ou vai desvalorizando.
a mulher, que cada vez menos futuros tem para lavar, para remendar, para desencardir, aprimora presentes, cerze os dias, para que os passados não se esboroem e a vida se cumpra.
à medida que passeia a agulha pelos tecidos puídos dos dias, bordando flores nos contornos gastos do coração, lembra a frase soprada, 'quando te curas, curas todas as gerações. as passadas e as vindouras'. e assim é.
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