terça-feira, 27 de outubro de 2020

daqui





daqui de onde me sento, neste silêncio tão raro que alaga a sala, vejo as árvores altas da alameda sacudirem os ramos como se pedissem ajuda a algo maior, a algo cuja atenção esteja mergulhada longe, longe da terra.

neste silêncio tão raro, neste espaço onde quase me sinto em casa, ocorre-me a possibilidade de os governantes desistirem da população. essas pessoas que carregam povos às costas, gentes desorientadas sem futuros visíveis.

o licor que tomo é doce, como todos os licores, e a solidão serve-me e ajusta-se ao meu corpo. por enquanto isso basta-me. 






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