terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

teia










aconteceu de mansinho e qualquer ruído que possa ter feito parecia brisa na folhagem fresca da primavera. tudo o que ia lentamente acontecendo era macio. amaciava, amaciava o caminho, as rotinas, o sono. até o sonho. até se atrevera a sonhar, essa prática tão comum nos outros e tão esquecida nela. além de sonhar, a acreditar que os sonhos podem ser possíveis. pelo menos aqueles.
foi assim que as horas dos dias e aquelas horas que só cabem na esperança de que possa haver esperança, começaram a ser tecidas em torno de uma possibilidade. era como finos fios colocados meticulosamente por uma laboriosa aranha. daquelas teias perfeitas, brilhantes, simétricas.
deve ser assim que tudo acontece, e se a gente se descuida, fica com a teia colada aos cabelos, com uma sensação de arrepiar, e queremos livrar-nos daqueles fios e parece que estão por todo o lado, colados à pele
e agora começam a faltar-me as palavras, porque escrever às vezes dói, mas se não escrever, pode acontecer que me esqueça de mim. e às vezes parece que me esqueço, que me esqueci.












4 comentários:

  1. quando escrevemos, podemos esquecer e podemos também dividir as dores...

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  2. Não se esqueça de si, nem de nós...estamos aqui, de mansinho, a escutar.
    ~CC~

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