quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

esplanada







eu sou uma pessoa que dá muito jeito a toda a gente
conta a mulher naquela maneira ausente lá dela de falar
dizem que sou compreensiva...
continua, enquanto o sol de inverno ilumina o seu rosto e o olhar se perde no mar revolto, neste dia manso
mas eu não sou. eu não compreendo, mas aceito. e é nesta palermice de aceitação de tudo que dou jeito a toda a gente. mas eles confundem aceitação com submissão, e isso é tão errado... veja só, disse - basta - e estou aqui, agora, a sentir este aroma de mar, enquanto se perguntam o que é feito de mim...
a mulher sorri, quando diz a última frase. eu retribuo o sorriso com o desejo mudo de que ela saiba, o que é feito de si, pois, nestas andanças de desencontros, podemos sempre perder pedaços de alma












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