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ao cumprimentá-la, as lágrimas daquela mulher desolada deslizaram lentamente pela minha cara. lágrimas emprestadas que eu nem soube se eram lágrimas da cuidadora, se as lágrimas da morta que jazia dentro daquele caixão no centro da capela fria, sem uma única flor.
sei que rolaram no meu rosto, mornas, molhando-me.
naquele templo onde há mais imagens de cristo crucificado do que pessoas, está o padre, a urna, o homem que veio de longe, a mulher que foi por impulso, e a que chora.
a morta viveu bem mais de 80 anos, estudou, foi professora, foi artista, e, ao que disse o padre era uma santa.
como é que se passa pela vida e se fica assim, tão só?
como?
Talvez a morta se tenha entregue demais ao estudo, ao ensino, ao afã da criatividade artística, abnegada, altruísta. E em menos de nada, a vida passou ao seu lado sem que ela a visse passar...
ResponderEliminarUm abraço, Ana.
é uma justificação, sem dúvida...
EliminarAbraço, Janita
Muito triste isso que a Ana conta.
ResponderEliminarSabemos lá nós porque certas coisas acontecem...
Quem sabe os anjos existem, talvez estivessem lá alguns a velar por ela, quem sabe...
Se bem que eu pense que o importante é tratarem-nos bem enquanto estamos vivos; depois de mortos, muitas vezes é só fingimento.
Um beijinho, Ana.
⚘
Também concordo, Maria. Mas quando me deparei com aquele deserto, senti de maneira diferente.
EliminarObrigada.
Beijinho e boa quarta-feira :)
Foi assim o funeral do meu pai, uma vida rica, intensa, vivida em quatro continentes. Casou três vezes e teve muitas mais mulheres, no fim, profundamente só. Só estavam as três filhas dos cinco que tem, justamente as que menos viveram com ele. Consigo explicar? Só em parte.
ResponderEliminar~CC~
Caramba, CC, falta essa parte...
EliminarNão tem de existir associação entre o número de pessoas que estão nas cerimónias fúnebres e a importância da vida da pessoa que ali jaz. Para mim não existe essa relação; não a estabeleço; não a quero nos pensamentos e confrontos que tenho com essa realidade.
ResponderEliminarA mulher podia não ter quem a enterrasse. Já viu?
EliminarAna, sabes bem que isso não aconteceria.
EliminarJá me deparei com situações muito díspares nesta matéria e em épocas bastante diferentes... Actualmente conta ainda mais se és visto e por quem és visto. Mais do que uma homenagem a quem parte.
Daí o que disse da primeira vez.