chá

preparo fatias finas de gengibre e pimenta rosa para que me aconcheguem por dentro, separo cravinho e pau de canela para que me tragam abundância e conforto, e, quando a água está quase a ferver, mergulho as especiarias e as intenções, e fico a vê-las borbulhar. desligo, e então, delicadamente, coloco a camomila com toda a feminilidade que simboliza. já na chávena, adoço com um pouco de mel, para que me adoce a mim, também.

nas minhas mãos em concha, seguro a chávena, que beberico vagarosa e profundamente. a solidão sente-se quando se espera, apesar de tudo, e em vão.