terça-feira, 5 de novembro de 2019

15 minutos da manhã








olho os pássaros a saltitarem na varanda procurando pedaços desperdiçados de aveia e recordo o cheiro a galinheiro sujo em dia de chuva que encontrei este domingo, quando aproveitei o dia cinzento para passar despercebida na limpeza drástica que resolvi fazer a esta espécie de abrigo de pardais e melros.
...
está vento e as nuvens vêm empurradas de norte. eu, acabei a primeira parte do trabalho da manhã e recosto-me na cadeira, pensando que pode partir e esbardalhar-me no meio do chão.
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a vontade de virar costas a isto cresce a cada dia. e depois volta o medo. e depois os dias passam. e então eu reparo que os meses voam. e depois o medo de virar costas é substituído pelo medo dos dias gastos no que supostamente tem que ser. e então, quantas vezes as vidas são feitas de medos que se degladiam entre si, abafando vontades, silenciando motivações, disfarçando alegrias. é um adiar constante.
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e não me venham com palavras mansas. já não tenho pachorra para palavras mansas, soluções de auto-ajuda.









11 comentários:

  1. Quantas vezes...o mesmo sentimento.
    ~CC~

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  2. Ana, ler os seus dois últimos parágrafos foi como se eu me estivesse a olhar ao espelho, foi mesmo muito estranho...
    Como pode alguém que não conheço descrever na perfeição aquilo que tantas vezes sinto?

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  3. logo hoje que só trago mansas...um saco cheio delas, mas todas mansas e sem caroço.

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  4. Tantos medos tenho, e que empecilhos são...

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    1. impedem-nos de tudo, disfarçados de segurança e de sobrevivência...

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  5. (só não tenho medo, querida Anuska :)*

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