Já entramos em outubro e no outono. os dias vão começar a
acinzentar-se e a tornar-se mais pequenos, preparando-nos para o recolhimento e
introspecção que o inverno nos proporciona.
O outono é a minha estação e sempre preferi o inverno ao
verão. Agora, com o passar da idade, começo a sentir saudades da claridade do
dia e de caminhar na companhia visível do mar. Os meus olhos pedem cor e os
meus passos visibilidade.
Sinto uma saudade estranha daquilo de que nunca tive
saudade, assim como se fosse uma pena por não ter sentido tudo o que
desvalorizei como se fosse indigno de ter sido notado.
A minha vida foi básica e simples. Viajei alguma coisa, e
nessa altura fui feliz e alegre. Batalhei muito, e batalho, e nessas alturas
fui feliz e cansada. Revoltei-me muito e nessas alturas esqueci que era feliz. Amei
e isso trouxe-me medos que nunca tinha tido. O meu corpo mostrou-me que é
frágil e isso lembrou-me que sou feliz e que vivo e que me amparam.
Esta manhã comecei a escrever este texto para uma amiga que
se quis fazer ausente e distante. A ausência quando aliada à distância, tem
destas coisas, distancia, e a amizade fica assim, cheia de receios de invasão,
cheia de afastamento, cheia de não se saber uns dos outros, uma da outra.
Li, acompanhado de Jean Gabin -Maitenant Je Sais - e fiquei com a impressão de um acerto de contas com a vida. Não é cedo de mais?
ResponderEliminaressa é uma das "minhas" músicas.
Eliminarnunca é cedo demais para a gente se acertar, nem tarde.