quarta-feira, 2 de outubro de 2019

ausência










Já entramos em outubro e no outono. os dias vão começar a acinzentar-se e a tornar-se mais pequenos, preparando-nos para o recolhimento e introspecção que o inverno nos proporciona.
O outono é a minha estação e sempre preferi o inverno ao verão. Agora, com o passar da idade, começo a sentir saudades da claridade do dia e de caminhar na companhia visível do mar. Os meus olhos pedem cor e os meus passos visibilidade.
Sinto uma saudade estranha daquilo de que nunca tive saudade, assim como se fosse uma pena por não ter sentido tudo o que desvalorizei como se fosse indigno de ter sido notado.
A minha vida foi básica e simples. Viajei alguma coisa, e nessa altura fui feliz e alegre. Batalhei muito, e batalho, e nessas alturas fui feliz e cansada. Revoltei-me muito e nessas alturas esqueci que era feliz. Amei e isso trouxe-me medos que nunca tinha tido. O meu corpo mostrou-me que é frágil e isso lembrou-me que sou feliz e que vivo e que me amparam.
Esta manhã comecei a escrever este texto para uma amiga que se quis fazer ausente e distante. A ausência quando aliada à distância, tem destas coisas, distancia, e a amizade fica assim, cheia de receios de invasão, cheia de afastamento, cheia de não se saber uns dos outros, uma da outra. 




















2 comentários:

  1. Li, acompanhado de Jean Gabin -Maitenant Je Sais - e fiquei com a impressão de um acerto de contas com a vida. Não é cedo de mais?

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    1. essa é uma das "minhas" músicas.
      nunca é cedo demais para a gente se acertar, nem tarde.

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