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esbardalhei-me a caminho do velório. completamente esparramada no meio do chão, numa rasteira tão bem à moda do defunto, que havia de jurar que o vi rir mostrando os dentes brancos naquele rosto sempre moreno. corpo inteiro nas pedras da calçada, mãos, pernas, ombros, cara. tudo esmurrado. uma perfeição. entro na igreja a limpar-me com toalhetes húmidos.
se em vez de gastarem tanto dinheiro com flores, comprassem vinho e bebessem... sussurra-me o homem sem corpo.
pego na rosa branca que me entregam para deixar no cemitério, invento uma desculpa, e trago-a para casa. desapareço para dentro de mim enquanto o morto resiste em desaparecer para fora da vida.
É sempre Saint-Exupéry que me ocorre, Ana: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
ResponderEliminarAbraço muito grande.
aceito esse abraço, LB, obrigada :)
EliminarUm abraço apertadinho, ana. Sei bem que em momentos assim fazem falta os abraços. Não curam, mas dão-nos algum consolo.
ResponderEliminarcuram, curam. obrigada, deep :)
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