quarta-feira, 18 de julho de 2018

manhã









passa pouco das oito horas quando encontro a marta, que varre, como de costume, os passeios que ladeiam os prédios das vizinhanças
bom dia, marta! está boa?
e a marta, com a carapinha resguardada num lenço vermelho, os olhos sábios de quem já viu muita vida e escapou a muita miséria, o rosto de pele preta com as marcas do grupo étnico a que pertencia em terras do quénia, reparte a atenção entre mim e as folhas que junta 
bom dia! está cansada, mulher?
ora... é um bocado cedo para já estar cansada, não é marta?
ó mulher... parece que carrega o mundo às costas...
despeço-me da marta e entro no café onde um homem grande feito pequenino, me aguarda preso num sorriso que pensa que trago, e que não sabe que carrego o mundo às costas










4 comentários:

  1. " e que não sabe que carrego o mundo às costas"

    Bonsoir, ma souer Sísifa :)


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  2. há aqueles carrinhos jeitosos no ikea...

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    1. Só conheço os sacos azuis mas descosem-se por baixo e deixam cair pedaços do mundo nos pés, e tu sabes...

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