segunda-feira, 9 de julho de 2018

ele e ela








o casal jovem espera a sua vez de pé. ele tem a mão pousada no ombro dela, daquela forma com que um adulto procura segurança na frágil mão de uma criança, e encontra-a. ela, inclina a cabeça para que a face roce nos dedos dele. com um dedo, ele desenha o contorno do seu nariz, e de novo descansa a mão, como se todo ele estivesse naquele toque. ela, inclina ligeiramente a cabeça, e beija discretamente os dedos que se sustêm, nela.

vejo na forma como ele pousa os braços e se curva no balcão de atendimento, que está frágil. vejo, na forma com que ela está sempre a tocar o seu corpo, o cuidado dela. 

ali, os corpos abarcam toda a fragilidade da vida.


















8 comentários:

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    1. quando uma mulher percebe que está grávida, parece-lhe que, de repente, só se cruza com mulheres grávidas. como se o mundo inteiro tivesse engravidado.

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    2. Credo, hury...
      Era o que me faltava...

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  2. é uma fragilidade bonita. :)

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    1. sim, há fragilidades bonitas, quando se entrelaçam :)

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  3. que saudades eu tinha destas tuas enormes pequenices, Ana.

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