quarta-feira, 18 de outubro de 2017

não há bela sem senão








e é sobre as aves que falo.
a ave canora voltou. aliás são vários os trinados que ouço desde madrugada, quer do lado nascente, quer do lado poente deste lugar onde moro, levando-me a pensar que são várias as aves canoras. fazem-me companhia nas horas silenciosas da insónia, e estão comigo enquanto tomo o pequeno almoço. talvez tenham vindo anunciar o outono, essa normalidade tardia que o meu corpo tanto ansiava.
os pardais vêem aos bandos. acreditem. no início eram migalhas, contentavam-se com elas, e eram discretos e amedrontados. mais tarde ofereci-lhes aveia, e, com eles vieram os melros, aves madrugadoras, pousam na varanda ainda de noite e aguardam a refeição da manhã. quando o dia clareia chegam os pardais, cheios de manhas e esquisitices. escolhem os flocos que mais gostam e rejeitam os outros, atirando-os para o chão, o que, agora com esta chuvinha, forma uma pasta pegajosa e castanha da poeira que andou no ar. e isto às dezenas, e a acrescentar a isto, o descontrolo intestinal dos ditos.
então é assim - se não lhes disponibilizar alimento, plantam-se nos varões à espera e sujam tudo. se o fizer, plantam-se nos varões e sujam tudo.
as gaivotas e as pêgas riem-se ao longe do que se passa aqui. penso até que é vingança planeada por elas por não as deixar frequentar a varanda.
valha-me o canto do desconhecido.

[e isto tudo para afastar aquele post em que falava de sexo]












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