sábado, 23 de setembro de 2017

a água










naquele dia de manhã ainda de noite, como de costume, a mulher elevou o copo de água acima da cabeça e, daquela vez, agradeceu a oportunidade de viver a vida que vive. pousou-o no sétimo chacra e agradeceu a consciência da ligação com ele. desceu a água para o sexto, o ponto entre as sobrancelhas, e deu graças pelo que vê, pelo que ouve, pelo que sente, pelo que intui, pela distinção. parou o copo em frente aos lábios, e agradeceu a palavra e a espontaneidade. no laríngeo, além de agradecer, ela pediu ajuda para manifestar, para todas as formas de expressão, para a clareza e limpidez na comunicação com os outros, para ser veículo do que não se vê com os olhos. ao deter-se com a água no centro do peito, a mulher agradeceu o amor, o que imana, o que recebe, o que dá, o que se dá, o que se permite, e pediu ajuda aqui, para desempedernir o seu coração. no plexo solar, agradeceu a confiança em si mesma, o seu poder pessoal, 'eu sou, eu posso, eu curo-me, eu protejo-me', murmurou ela, 'sou grata por isso'. no segundo chacra, ela sorriu, 'obrigada, sim, obrigada, pela sexualidade, pela feminilidade, pela alegria, pelo prazer, pela capacidade de não ter vergonha, de lidar com as emoções, pela força da kundalini. ah, tanto obrigada por não carregar comigo memórias más. obrigada, obrigada, obrigada', diz ela naquele exagero de quando fica com o peito cheio. no primeiro, no básico, ela agradece o corpo, a carne, o lar que habita, o templo, o que a permite sentir que vive, a segurança, a ligação à terra, a força da gravidade, o enraizamento, a ancoragem, a manifestação. e bebe aquela água que sacia para além do corpo.











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