skip to main |
skip to sidebar
estavam cerca de cinco mesas ocupadas, esta manhã, no café onde me adivinham a vontade. em todas as mesas estava alguém, com o olhar inclinado para um telemóvel, onde deslizava o dedo, suponho que à procura de ligação com um lugar que não aquele, onde se encontravam. também eu de vez em quando olhava para o meu ecrã em busca de algo que não tinha no momento. mas à minha frente, junto à janela, estava um homem luminoso. não sei se a luminosidade lhe vinha do cabelo e barba quase brancos, se da camisa, se do suave sorriso que tinha no rosto ou do brilho do olhar. sei que não tinha telemóvel pousado na mesa, nem jornal. apenas a chávena vazia do café. de vez em quando olhava à volta, reparava nos disparates que as funcionárias atiravam para a minha mesa, e fixava-se muito ligeiramente no lugar onde eu sabia estar a televisão. por vezes cruzava os pés debaixo da mesa, voltando a colocá-los a par. e esteve ali, sereno com tudo, calado, sem dedilhar, sem ler, ali, apenas. quando se levantou, vi que o televisor estava desligado. fez-me recordar o tempo em que não havia fugas de bolso, em que quando estávamos, estávamos. segui-o com o olhar até onde consegui alcançar.
mas que momento de observação belíssimo (não, não só o desse homem... :)
ResponderEliminarobrigada pelo teu olhar, alex :)
EliminarDa vontade de segui-lo e não só com o olhar...
ResponderEliminarEstou tão farta da dependência que as pessoas têm dos telemóveis e computadores (sobretudo das redes sociais).
~CC~
sim, essa vontade toda e o respeito pela sua serenidade.
Eliminaré verdade, CC. quando falo aos filhos do tempo antes dos telemóveis eles ficam com pena de não os terem vivido também.
beijo
...belo vislumbre, assim como a Tua escrita!
ResponderEliminarBeijoca de bom fim de semana ;)
obrigada, Goti.
Eliminarbom fim de semana :)