quinta-feira, 15 de junho de 2017

tanto nada cheio de tudo








vivera demasiado tempo enrodilhada numa ilusão. agora, com uma pinça, lentamente arranca as imagens vazias que enfeitara de palavras e melodias, uma a uma. 
desequilibra-se. 
habituou-se de tal forma àquele espaço repleto de tanto nada, que quando retira um pouco do tanto, esvoaça como uma folha seca em tarde de outono.  
o erro aqui, foi ela mesmo, do principio ao fim. demasiadas vezes sonhou, que vestiu-se de irreal, e de tanto se irrealizar,  cobriram-se-lhe a pele, os olhos, os lábios, as vísceras, revestiram-se de toques sem mãos, aromas sem perfumes, temperatura sem calor, cor sem contraste, beijos sem boca. e é precisamente isso que tenta arrancar de si, tanto nada cheio de tudo.
tanta saudade do outono.











2 comentários:

  1. Esta sou eu, ana, como me (d)escreves na perfeição. Caramba...

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    1. Parece que somos muitas a olhar sem ver :)
      Bom sábado, Olvido.
      Beijo

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