sexta-feira, 24 de março de 2017

contando estrelas






















Ilmatecuhtli estica o corpo num cansaço estremecido. toda a noite passou a contar as estrelas no céu. é que os dias amanhecem escuros, pois o sol não tem como carregar o brilho enquanto dorme. andam a roubar as estrelas, mesmo aquelas que tinha bem escondidas nas pregas do largo vestido feito de velas desfraldadas dos navios perdidos. então toda a noite contou, reagrupou, posicionou, guardou a mais bonita para pôr no peito do deus das tempestadas que anda perdido por entre furacões invisíveis, e umas mais pequeninas, trouxe-as nos bolsos. servirão para a guiar nos dias em que escurece por dentro, e muitos virão, disse-lhe uma ondina, quando distraída, foi encher os olhos com a água do mar, para ele que já não estava. partiu, não suportou a leveza de Ilmatecuhtli, não percebeu que só assim ela podia tratar das estrelas sem sair da terra. mas agora sem o poder marear, dos olhos jorrava-lhe água salgada que ela colhia numa taça para nos momentos de tristeza mergulhar as estrelinhas do céu e transformá-las em estrelas do mar. 










10 comentários:

  1. É tão bonita essa forma de contar e colher estrelas que duvido que ele resista. Está de volta, não tarda. :)

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  2. É bonita, mas andar de noite deixa-me pitosga, Luisa...

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  3. (menina bonita, eliminei o teu comentário sem querer...estou pitosga. Desculpa...)

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    1. oh não tem mal, o importante é que chegou à baía do teu coração. :)

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  4. Querida ana, ele não vai resistir ao teu cardume de estrelas. Eu sei :)

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  5. Vou pinta-las de todas as cores, excepto preto e castanho.
    Beijinho, Miss

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  6. nã fui eu que as roubei... juro pelos tornados :)

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  7. desta vez não foste tu, foi um arlequim.
    bom sábado :)

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