segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

sinais








então o homem atarracado sentado no chão ao meu lado, dizia que fomos educados a temer a doença, em vez de perceber o que os sinais do corpo nos querem dizer e aprender com isso, mudar o que está a causar o desequilíbrio. 
- onde é que te dói? perguntava à mulher.
- aqui. respondia colocando a mão no estômago.
- e o que temos aí?
- as emoções. ia ela respondendo.
- então já pensaste como estás a gerir as tuas emoções? o que escondes? o que não assumes?
eu ia dizendo que às vezes o corpo não nos dá tempo para esse entendimento, que a doença surge frequentemente de rompante.
- tens razão, mas temos que educar os nossos filhos, e em vez de lhes darmos um comprimido a cada dor, tentar que eles percebam o que está errado.
o homem do outro lado escutava atento. tudo era novidade para ele e não conseguia entender. tinha chegado com um saco de tangerinas para partilhar e uma vida do avesso escondida nos olhos. eu adivinhava cada resposta que ele não dava, entendia cada dúvida que ele calava. 













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