mas ela veio e eu puxei os cordelinhos de alguma educação para resistir à vontade de a mandar embora. mais uma cápsula de chá marrakesh e umas torradas de pão de nozes, mais um lugar na mesa, e espero que nem um comentário à confusão de passarada na minha varanda. ela já sabe, que é assunto sagrado.
anda mais calma, diz-me ela sem que eu perceba se isso é bom ou mau. acalmaram-se-lhe os inconstantes do corpo quando se acertou com com o que a consciência lhe dizia. dona fernanda, para bem ou mal, ela lá sabe, desistiu de quem a queria, a favor de quem não a quer, só porque se prendeu em palavras a roçarem-lhe vontades, e ela olhava os olhos de um a pensar nas palavras de outro, e resolveu ficar consigo mesma, era uma questão de honestidade, justificava ela, mesclando a virtude com esperança sem o admitir.
podia ter sido o homem da vida dela, digo-lhe eu, falando do que a queria. ela beberica da chávena de chá e conta-me da pistola de fazer biscoitos que tem em casa para experimentar. ainda lhe pergunto sobre o outro, o das palavras, e ela aponta-me a violeta que morre lentamente num vaso na varanda de um mal que ainda não descobri.
Pobre dona fernanda, assim enredada em amores não correspondidos. Mas quem não tem um desses, uma vez na vida?
ResponderEliminarcorações divididos são propensos a decisões catastróficas... mas escolher é preciso.
ResponderEliminarSim, Luisa? Todos nós. As vidas acabam por ser todas iguais :)
ResponderEliminarSem ponto de interrogação, Luisa.
ResponderEliminarEstás muito sério, Manuel...
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