domingo, 25 de dezembro de 2016

a mulher, os parentes e as impossibilidades






















a verdade é que há muitos anos que a mulher agarrava o que lhe aparecia para ganhar o sustento da casa. tinha saído de casa com as crianças, com uma mão à frente e outra atrás, então, lá cozinhava por encomenda, escrevinhava umas noticias para um jornaleco que lhe cheirava a esturro que tresandava, lia o tarot e fazia outras artes do género. enfim, a vida era assim a modos de variada, sem muito tempo para pensar, mas isso não a impedia de rodopiar pelas horas com boa disposição. lá ia conseguindo levar a vida, para estranheza e inveja de muitos.
até que um dia, fazem com que ela perceba que não é pessoa com quem se possa estar, pois se calha de lhe perguntarem o que faz...ora, não iria ficar nada bem semelhantes ocupações. e disto, apercebeu-se por altura em que o parente editou um livro e não a convidou para o lançamento, e acontece que o parente é filho dos mesmos pais que ela.
então a mulher percebeu que há sentido de família, e ela tem alguma desse género, que só funciona debaixo de um tecto e entre quatro paredes, longe dos olhares e perguntas alheios. 
e a mulher entristeceu e percebeu a extensão da deficiência de que sofria, mas isso também explicava muitas aparentes impossibilidades.












13 comentários:

  1. Podias atravessar um oceano a nado. E, ainda assim, o foco da pessoa seria o tempo que demoraste atravessá-lo, e não os perigos que, corajosamente, enfrentaste. O teu melhor nunca é suficiente. Magoa.

    Gosto de ti, Ana bonita.

    Um beijo no teu coração. :)

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  2. gosto de ti menina sábia bonita :)

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  3. Infelizmente, ana, entristecemos vezes demais com não merece um pingo de consideração. Afinal quem são os outros para lhes concedermos o direito de nós entristeceram?
    Um beijo, ana. Boa semana.

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  4. Tens razão deepLuisa. Obrigada por mo lembrares.
    Beijo :)

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  5. nestes dias, mesmo longe, a minha família conseguiu atingir-me... nã sei o que te dizer para ajudar, esquecer talvez seja a melhor opção, ou caminhar na praia, perdoar... com as outras pessoas consigo ser indiferente e até grosso, mas a família, a família sempre foi para mim a base, o apoio... o que se faz quando a família usa o conhecimento dos nossos pontos fracos?

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    1. Diz não sei aonde que família é quem se preocupa connosco, o resto é parente. Vamos à praia, a maré está mansa, Hury :)

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  6. Eu aprecio a sua escrita, apesar de alguns pormenores gramaticais precisarem de afinação, e aprecio também a vida que deixa entrever por detrás de cada texto. Uma vida que se leva a pulso, fazendo o que houver para fazer, cozinhando para fora ou lendo a fortuna, tudo me parece admirável. Bom ano, que seja como o desejar.

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    1. Obrigada Anonimo, fez-me sorrir. Eu sei dos pormenores, mas escrevo a correr (como quem diz...eu não sei correr). Por vezes corrijo ao reler, outras vezes não.
      Bom ano para si, com muito sol.

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  7. Há muito que acredito que a família não se faz apenas dos laços de sangue, é preciso é ter coragem para assumir isso e construir esta festa (e outras)com essas pessoas. E como diz a Deep, investir em quem mostra que nos aprecia e gosta de nós, não pelo que fazemos, mas pelo que somos.
    ~CC~

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  8. é verdade, CC. o seu comentário enche-me o peito :)
    obrigada.

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