domingo, 25 de dezembro de 2016

responsabilidade








de cada vez que alguém morre fora de horas, fica a responsabilidade de celebrar a vida. todos os dias. em vez disso, a mulher senta-se a olhar o céu azul, sem vontade de nada. a vida saiu apressada de dentro do rapaz, na véspera da consoada, arrancando bocadinhos de quem o amava e nunca supusera que ele podia deixar de cá estar. ficaram todos mancos de alegria, e em vez de sair por aí a aproveitar a vida que resta, a mulher que devia saber as respostas todas, pergunta-se para onde partem, quando morrem, as aves que lhe habitam o peito.