sábado, 12 de novembro de 2016

eu também vou ao café









hoje é dia de ir ao café com calma, sem horas marcadas para ir ao talho e ao lidl e à peixaria e à frutaria. e o café é o do costume. o do vicio do descanso, da preguiça, ali onde não temos que pedir, nem escolher o pastel dividido, e onde ler o correio da manhã parece o melhor da informação. é ali sentada que penso no que tenho que fazer durante o dia, que planeio, que desvalorizo as preocupações, que respiro fundo. 

mas hoje, e o tempo já vai para inverno, a manuela, naquela pressa toda dela que bem disfarça os diabetes que a limitam, resolve deixar a porta bem aberta nas minhas costas, fazendo o frio entrar pela roupa que ainda tem os descuidos do verão.
- cruzes, manuela, queres matar-me de frio?
- carago, as mulheres não têm sangue nas veias. não está frio nenhum! ainda só tive calor.
e lá vai ela, por entre as mesas, t-shirt e leggings ou jeggings, que nunca sei qual é qual, a praguejar pelo frio que sinto, naquela forma de falar que enche a boca de sílabas sonoras e depois solta-as de rompante com gargalhadas e impropérios à mistura.
- ninguém nos trata tão bem como tu, ninguém, em lado nenhum.
digo-lhe eu todos os dias.
- está bem, está bem, até amanhã.












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