tinham-lhe dito para deslocar o seu pensamento para o chacra cardíaco, no coração, explicaram-lhe. não só o pensamento, mas as emoções, os sentimentos, os relacionamentos. que deixasse o cérebro para resolver os casos práticos do dia-a-dia. e ainda, se pudesse, para emanar essa energia que lhe nascia no peito, projectá-la para fora, para os outros, para o que a rodeava.
foi aos poucos, conta, que começou a fazê-lo. primeiro numa conversa que previa ser conflituosa, e tornou-se cordial, depois com alguém que contava que reclamasse com o atraso dela, e acabou por nem questionar, e por aí fora. tinha que fazer um esforço, forçar-se a lembrar disso, pois a maior parte do tempo, o pensamento nem estava ali no presente, pensava sempre no futuro, o que lhe faltava fazer, o dia de amanhã, a refeição seguinte, a semana que viria, as contas que se venciam, o sufoco do natal, enfim, nunca pensava no momento que estava a viver, quanto mais direccionar isso tudo para o coração.
mas por breves instantes lá conseguia. mas surgiu um problema, sentia compreensão por todos, uma espécie de carinho, até afecto. tornara-se-lhe difícil o desagrado, a condenação, a auto-defesa tornou-se um esforço.
depois, conta que teve um sonho, teria que sentir, não só com o cardíaco mas com o corpo todo, uma assimilação por inteiro da vida, por todos os poros do seu corpo nu.
diz-me que não consegue, excepto por breves momentos de quietude, ou quando sente o vento e o sol e a chuva e a terra, e passou a dormir nua e a passar os dedos pelo seu corpo, sentindo a pele, a temperatura, a textura, a consciência de si mesma.
diz ela que os relacionamentos começam com cada um, de si para si mesma, a parte mais difícil. só depois para os outros.
mais oui, o fim do texto diz do começo de tudo, Lempicka, Anuska :)
ResponderEliminarMas é preciso caminhar para chegar ao destino. Se é que alguma vez se chega:)
ResponderEliminarBom dia, alex
É um caminho longo, apenas atingível por alguns, mas possível para todos, desde que haja vontade e entrega. Afinal de contas, o importante é o caminho, a intuição e a descoberta da liberdade interior. Eu acredito que temos um mestre interior dentro de nós. Podemos chamar-lhe o que quisermos, mas o que realmente importa, é deixá-lo falar.
ResponderEliminarÉ tão bom ler-te, querida ana :)
São as tuas mãos, as da foto (é que eu imagino-as assim. Bonitas, como o teu coração.
Um dia feliz :)
Eu também acredito, Miss. Saibamos ouvi-lo...
ResponderEliminarAs mãos não são minhas. Embora parecidas, as minhas estão mais mal tratadas :)
Obrigada Miss.
Beijo neste dia frio e chuvoso