sábado, 24 de setembro de 2016

das dores


























sim, há alturas em que ele me lê a alma. e apanha-me sempre de surpresa, desprevenida, e é doloroso. faz-me lembrar quando fiquei consciente durante uma cesariana. a impotência perante a dor que sentia ao revolverem-me as vísceras com instrumentos gelados, e a voz do médico ordenando 'aspirem'.
nessas alturas, sem que ele me veja, eu coro, o meu coração dispara, e eu pergunto-me 'como pode?'.
nessas alturas, ele chega quando eu menos espero, pede licença, e vem com as palavras certas, a pontuação certa, no momento certo, e mergulha nas feridas ou no contentamento, como um bisturi. 
depois, afasta-se, e a ausência dele também dói, mas de um mal de náusea, crescente.














4 comentários:

  1. não fiques :)
    bom domingo, trovisco. podes mandar mais daquilo de ontem...

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  2. Gosto muito de ler os olhos das mulheres e as suas reacções faciais. Gosto de as observar semana após semana. Gosto de elaborar cenários sobre as suas vidas. Gosto de saber quando acertei em cheio.
    Fico curioso quando me fazem o mesmo.
    É sempre gratificante termos alguém que nos leia olhos e alma.

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