então, no cimo da tal ruela, tenho que parar para o homem atravessar a passadeira, lentamente. o corpo franzino e esguio não deixava perceber a idade de tão gasto que parecia. seguia vagarosamente com os ombros curvados sobre o seu peito. e os meus cinco minutos a desaparecerem. viro à direita, e o homem, o mesmo, à mesma velocidade, atravessa mais uma passadeira, atravessada também no caminho do tempo que eu queria poupar.
nem olha para mim, o pensamento onde só ele sabe, e eu rendida ao tempo extra que não vou ter, vejo-o passar, com um pedaço de tule, cor verde relva, amarrado ao pulso. levará um amor novo no peito e aquele tecido terá sido posto ali com carinho, para que 'não te esqueças de mim'. nos ombros caídos aconchega a sua mulher, que sem estar lá, está lá sempre.
o homem caminha nas nuvens, certamente, só nas nuvens caminhamos assim devagarinho, para não as desfazermos e chegarmos a casa vestidos de descansaços, com a fita de tule verde relva atada no pulso a sentir que de repente a vida até nem pesa tanto.
ele levou-te cinco minutos e deixou-te uma mão cheia de belas palavras :) foi uma boa troca
ResponderEliminaraquele pedaço de pano verde, à volta do pulso dele, não me sai da cabeça :)
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