sexta-feira, 15 de julho de 2016

isto que te conto não é nada




























escrevo-te na hora da calma, da minha. sento-me aqui com os pés pousados no puff, nus, felizes, tu sabes. é o crepúsculo. aqui do meu lado direito tenho a porta da varanda toda aberta, e, finalmente, entra uma aragem morna. as andorinhas andam naquele rodopio delas antes de recolherem aos ninhos e soltam estes chilros que acompanhados pelo burburinho do vento nas folhas das árvores, ajudam a que o meu corpo relaxe, que se renda a ele mesmo. de vez em quando ouço uma gaivota e o ladrar de um cão mais ao longe.
isto que te conto não é nada, e dentro de alguns minutos será noite e terá sido só mais um dia de trabalho, de muito trabalho, naquele saltitar de ramos que conheces.
podia estar aqui a escrever toda a noite sem conseguir dizer que só queria aligeirar o teu desencanto. e não consigo. 
o infortúnio dos outros deveria servir, pelo menos, para valorizarmos cada crepúsculo, cada nascer de dia, em paz. para não desperdiçarmos. tu sabes que eu incluí o desperdício na lista dos pecados. pois foi, e o papa compreende que sim.
olha, anoiteceu. não te disse que seriam só uns minutos?
os meus pés continuam felizes, o meu sono ausente.















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