a mulher resolveu que seria mais forte do que os sinais matreiros que o corpo, logo de manhã cedo, lhe enviara. não estava pelos ajustes para os planos dela, dizia-lhe apontando-lhe o dedo em sinal de aviso por ela andar a valorizar demais as supostas obrigações, que a vida não tem que ser assim, lembrava-lhe. ela, lá com aquele 'eu é que sei' dela, levantou-se da cama, primeiro com um pé, depois o outro e depois o corpo inteiro, e lá começou bem cedo, ainda o sol dormia, com aqueles afazeres que já se tinham tornado rotina.
saída para a rua, com aquele vício de mar, desafiou o vento que vinha do sul, frio. frio como um sinal de que a vida estava ao contrário, pois o ar frio vem do norte e não do sul, diz ela, que reconhece tão bem quando aquela carícia morna invisível a faz ter vontade de vestidos largos, de ser alegre e de o mostrar. mas o corpo que de manhã não queria a intempérie, começou a palpitar-lhe no peito e a comandar-lhe as pernas no sentido oposto ao que ela definira.
tens que conversar mais comigo, dizia-lhe ele, tens que me ouvir, tens que me respeitar, não és só espírito.
És também corpo e nós sempre a ignorar os sinais que ele nos envia, Ana!
ResponderEliminar(as melhoras se for caso disso )
Beijinho
mais um texto belíssimo, Ana...
ResponderEliminarsim Ava, de vez em quando esqueço-me de tudo, para depois voltar a aprender. são nasceres dentro da vida :)
ResponderEliminarobrigada!
beijinho
obrigada, Laura :)
ResponderEliminarnã és só espírito... que belo :)
ResponderEliminaràs vezes dava jeito...
ResponderEliminarbom domingo Manuel :)