sábado, 6 de fevereiro de 2016

quase um ano






























Francisco tinha-se distraído, tinha deixado passar quase um ano. Foi de repente que se apercebeu e naquele instante susteve a respiração, tirou os óculos, esfregou os olhos e ficou com o olhar embaciado, parado, naquela mancha verde de relva em frente à porta da sala. Um ano... felizmente não ultrapassou aquela barreira, aquela norma que se impõe naquele tipo de relações. Nem ela o tentou, estranhamente não tentou. Se o tivesse feito ele não teria deixado passar tanto tempo...um ano, quase...naquela subtileza de não querer nada, de deixar que os dias se sucedam com pequeninas cumplicidades, com quase imperceptíveis alegrias. Quase um ano... naquele mesmo dia resolve que basta. Um ano naquilo...


Maria sabia que estavam 'naquilo' há quase um ano. Todos os dias ela sabia. Adivinhava-lhe os humores, entristecia das suas tristezas e alegrava-se quando sentia nele, também, alegria. Mas ela sabia que um ano era demais, e, que apesar do seu desprendimento, Francisco chegaria àquele dia. Já estavam juntos há tantas vidas...gostava ela de pensar...que aquele momento que se aproximava era mais uma repetição, ou talvez não. Haverá um tempo, uma vida, um lugar, em que coincidirão para além do desencontro, dos desencontros. Entretanto é só mais uma etapa.













20 comentários:

  1. como se conta o tempo se nã vivemos todos os dias?

    ResponderEliminar
  2. Acredito que ambos se irão encontrar. Precisam é os dois de o saber :)

    Isto das relações é por vezes complicado, só por vezes :)

    Tem um bom sábado Ana

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. tenho um palpite que a vizinha do quarto se chama Isabel... ou Urraca!

    ResponderEliminar
  4. o tempo foi inventado num dia de mau dormir do seu inventor. com isso, veio também a velhice e outras angústias desnecessárias. A Maria guardava aquela vida em construção sem pensar que eram dias a sucederem-se. Já o Francisco, homem de métodos, tinha prazos estabelecidos. Dizem por aí que eles encontravam-se, no ponto de desencontro.

    bom carnaval, Trovisco.

    ResponderEliminar
  5. eles encontraram-se e sabem-nos. cada um à sua maneira, vizinha :)

    bom sábado de invernia!
    bejinho

    ResponderEliminar
  6. a carne, é de todos o meu melhor pecado!

    ResponderEliminar
  7. ela diz que tem nome de rainha... pode ser Urraca...

    ResponderEliminar
  8. ah....pois, a carne... mas eles permitiam-se alguns pecados...incluindo a carne, e os legumes, e a fruta... (joking, Manel...)

    ResponderEliminar
  9. Regina nã será... pode ser Maria, Isabel, Leonor...

    ResponderEliminar
  10. Stormy:

    No meio de tanto nomes, acertaste no meu!!! :))

    ResponderEliminar
  11. Ana:

    Vim aqui "falar" contigo e acabo por "falar" com o Manel. Irra que vício!

    Chove aqui que se farta, mau mesmo.

    Fiquei a pensar que mesmo juntos, estamos sempre "cada um à sua maneira" :)

    Beijinho

    ResponderEliminar
  12. há coisas assim, vizinha :)

    mi casa es tu casa :)

    ResponderEliminar
  13. será esse?
    ela disse que acertei mas nã disse qual!

    ResponderEliminar
  14. diz-me, Trovisco, o nome é importante? porquê?

    ResponderEliminar
  15. também me parece...se eu me chamar francisca, não vai mudar em nada :)

    ResponderEliminar