terça-feira, 26 de janeiro de 2016

palavras














adormeci com um desagrado pelas palavras. acordei sem vontade delas. embora escreva. agora. elas servem para nos comunicarmos à distância. eu daqui para aí. vocês até aqui. ou não. servem também para nos descomunicarmos, desentendermo-nos, distanciarmos, enganarmos. aprisionarem no tempo vidas mudadas, sentimentos morridos, numa ilusão de continuidade.

aqui para nós, que ninguém nos ouve, há também, para além das palavras, os palavrões, e com licença, mas merda. merda merda. das palavras aproveito os substantivos. elimino adjectivos e verbos. sobretudo os tempos verbais. livrem-me de pretéritos, futuros e condicionais. 

livra-me tu das palavras que me doem, livra-me do que leio nas entrelinhas, naquelas que tão habilmente manejas e com sabedoria ocultas. das que subtilmente deixas suspensas.

um dia. sim um dia. chegarei a ti despida delas e vestida de olhares e pele. aspiro a sentir-te em silêncio.
















8 comentários:

  1. ilusão... esse será talvez o maior defeito das palavras

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  2. As palavras mal interpretadas, as palavras que não nos deixam, as palavras que magoam, as palavras palavras que não chegam aos outros e os outros que não chegam às palavras. Belo texto.

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  3. Desta vez o texto está centrado!

    Prefiro as boas palavras, as que nos reconfortam e nos ajudam a pensar no bom :)

    Beijinho

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  4. desta vez deixou... não deve ter gostado da imagem anterior...

    eu também prefiro, vizinha :)

    beijo

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  5. Gosto das tuas palavras. Merda para as más palavras!

    Beijo,ana :)

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  6. obrigada Maria :)
    (mesmo, mesmo...vade retro para elas...)

    beijo

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