quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

talvez


























a mulher percorre a marginal de carro. já perdeu as contas às vezes que naquele dia foi espreitar o mar. não importa qual o trajecto, o desvio leva-a sempre até lá, àquele azul sempre diferente, àquela imensidão muda. tem que haver uma razão para tudo ser como é. 
houve um tempo em que ela os ouvia. o mar, a areia, as ervas, o vento, o céu, os pássaros, a chuva. conversavam. ela e eles. 
depois, o corpo, o dela, começou a boicotá-la e ela a ceder, e então, os passeios começaram a escassear, e um dia ela entendeu, talvez naquilo que tu chamas de epifania, que para ver, ouvir, falar, sentir, não precisa de lá estar. 


mais uma vez não era nada disto que eu queria escrever









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