sexta-feira, 27 de novembro de 2015

chicharros

























é pesado este viver a aprender o amor. este caminho trilhado por becos tortuosos, esburacados, áridos, matreiros. com um coração seco chegar à meta mais pura. o amor.

a mulher chega a casa como se tudo lhe pesasse, os braços, os olhos, as pernas, o peito, a vida. 
é encarando o desamor, a desilusão, os 'deses'todos que se chega lá. isso ela sabe. apesar de tudo amar, apesar de todos.
mas ela, somente ela, minúscula, nada, seca, semente sem solo, perante aquela imensidão... como um naufragado tenta alcançar a superfície, ela procura desesperadamente a simplicidade, a leveza. livrar-se daquele peso enorme de ter que amar.

levanta-se, vai grelhar chicharros e descascar batatas, como se a vida se resumisse a isso.


















2 comentários:

  1. Não se resume a isso, mas não conseguimos escapar aos prosaísmos do quotidiano.

    Ontem, quando seguia,«Sem muita pressa, para o meu emprego,/Aonde agora quase sempre chego /Com as tonturas duma apoplexia»,como o Cesário Verde, perguntei-me se não haverá demasiada poesia (em sentido literal, enquanto leitura) e menos prosaísmo na minha vida...

    Boa noite, ana. Beijo

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  2. e depois, continuamos em busca de um qualquer equilíbrio nisso tudo... não sei se devemos. palpita-me que não... :)

    boa noite, deep.
    beijo

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