segunda-feira, 19 de outubro de 2015

papel



























como de costume acorda quando ainda devia estar a dormir. e fica na cama às voltas com as orações todas que conhece, que todas são bem poucas, mas às vezes repetidas e repetidas, podem até dar resultado. tenta ver o que vai ser a sua segunda, a sua e a deles, e cobre a cabeça com o édredon. a vontade ainda não chegou e o corpo quer é estar deitado. 

por fim senta-se, enfia um pé, depois o outro, no chinelo, e levanta-se. ai... pensa. viver custa, às vezes, e o arranque num corpo que se diverte a trocar-lhe as voltas, não é fácil. então ela fala com ele 'vê se te portas bem, please, que o dia é de muitos afazeres'.

segue para a cozinha, bebe um copo de água com limão, levanta os braços, e com eles esticados abana-se toda. 'vá, acorda mandrião'.

enquanto espera por aquela meia-hora para o pequeno-almoço, senta-se, imprime aquilo que ele lhe enviou na véspera, como se adivinhasse o que ela precisava. mas ele tem contactos com Ele lá de cima, tem, tem, só pode. cola o papel na parede da casa de banho, relê, e agora sim, é segunda-feira.









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